Palestra MARAVILHOSA com a profª Nita Freire! Ela é ótima, muito espirituosa...
Conversei rapidamente com ela e disse:
-"ôh Professora, tenho que te dizer uma coisa, eu sou APAIXONADA por Paulo Freire! Será que a sra. poderia escrever uma mensagem para que eu coloque na contracapa do meu livro?"
Resposta de Nita Freire: -"Como assim, apaixonada pelo meu marido? ah, não pode não...(risos)"
-Replica:"-Desculpe, eu sou apaixonada pelas obras dele, pelo conhecimento que ele nos proporciona..."[morta de vergonha]....
Continuei...-"Ao ler a obra de Paulo Freire, eu só falava sobre os novos saberes e conceitos tratados por ele, e meu marido falava "ah, você só fala em Paulo Freire!", a partir desta conversa ela escreveu:
[tradução: Danielle, continue amando Paulo mesmo com os ciúmes de seu marido!]
Como uma das possibilidades do meu trabalho é analisar as narrativas dos usuários de Saúde Mental que utilizam a rádio sob a perspectiva Freireana, contei a ela essa ideia, que então me passou o cartão com seus contatos, vou mandar minha dissertação!
Fotos de GUTEMBERG BRITO, FOTÓGRAFO DA FIOCRUZ (Obrigada!)
O lado intelectual e humano de Paulo Freire
Com uma palestra de uma hora e meia – que de tão leve passou voando –, Nita Freire, viúva do educador Paulo Freire, abriu na sexta-feira, dia 18 de março, o Ano Acadêmico e o ciclo do Centro de Estudos 2011 do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Alternando informações fundamentais sobre a pedagogia freireana com histórias sobre a vida do educador, Nita envolveu completamente os mais de 120 presentes, sem nem precisar de uma apresentação de slides.
Gutemberg Brito
Nita Freire: “Não podemos estar certos das nossas
certezas, temos que problematizar e a pergunta é
um instrumento pedagógico fundamental"
certezas, temos que problematizar e a pergunta é
um instrumento pedagógico fundamental"
A educadora explicou que para Freire a educação é um ato político. “Não existe uma educação neutra, ela tem caráter político e é dirigida a classes sociais. No Brasil, durante décadas não se fez educação para os excluídos”, reclamou.
Alguns pontos fundamentais para Freire, disse ela, foram a problematização, criticidade e o dialogismo na educação. Nita explicou que no processo educacional é preciso problematizar as questões. “Não podemos estar certos das nossas certezas, temos que problematizar e a pergunta é um instrumento pedagógico fundamental. Desde o aluno primário até o presidente da república deveriam se autoquestionar”, defendeu.
“A criticidade deve ser incentivada, precisamos buscar uma consciência crítica”, disse ela, acrescentando, porém, que este não é um caminho fácil. “O processo de aprendizagem não é indolor, mas o descobrimento do saber é uma imensa alegria. É como o processo de começar a caminhar: você consegue ver a alegria no rosto da criança.”
Sobre o dialogismo, Nita explicou a importância do diálogo entre o educador, o educando e o objeto em análise, com um exemplo do início da carreira do marido, ainda em Recife. “O Paulo resolveu largar Direito, porque achava que nunca ia conseguir defender alguém que ele soubesse culpado, e foi dar aulas para funcionários da indústria, no Sesi de Recife. Ele ficava muito chateado porque todo mundo dormia. Ele dizia: eu estudo Piaget e todo mundo dorme. Então ele resolveu mudar o foco e, ao invés de fileiras de cadeiras, resolveu adotar círculos de alunos e a perguntar sobre as aspirações e a vida de cada um deles. Deu certo”, contou.
Antes de prometer voltar ao IOC para uma palestra apenas sobre o seu caso de amor com Paulo Freire, Nita, a única preocupada em não estourar o tempo de sua apresentação, lembrou que um gongo mudou a vida do educador. “Ainda no segundo grau, ele estava na dúvida se seria cantor ou professor. Ele foi a um programa de rádio em Recife e no meio da música soou um gongo, desclassificando-o. Mudou a vida dele”, diverte-se ela contando.
Não só mudou a vida de Paulo Freire, que completaria 90 anos de nascimento este ano, mas a de milhares de outros brasileiros.
Gutemberg Brito
Alternando informações sobre a pedagogia freireana
com histórias sobre a vida do educador, Nita
envolveu completamente os presentes
envolveu completamente os presentes
Educação: missão do IOC
Presente à cerimônia, a diretora do IOC, Tania Araújo-Jorge, destacou algumas ações do ensino do IOC, como os projetos de estágio curricular para graduação, de iniciação científica e os cursos de férias, dentre outros. “O Ensino está na missão e na visão de futuro do IOC, fazemos a formação desde pesquisadores até alunos do segundo grau, e ainda promovemos atividades de extensão universitária”, destacou, acrescentando que, assim como defendido por Freire, não há educação fora da cultura e da sociedade.
Novo espaço
Já o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, destacou a importância da emoção e da vivência de cada um para o sucesso do processo educativo, um dos pontos chaves da pedagogia freireana.
Ao lado da vice-diretora de Ensino, Informação e Comunicação do IOC, Helene Barbosa, Gadelha prometeu o aluguel por quatro anos de novas instalações para o Ensino do IOC, com uma estrutura modular que contaria com 300 m2 em dois andares.
O espaço, uma reivindicação feita no Fórum de Integração dos Alunos de Pós-graduação do IOC, contará com cinco salas de aula, espaço de convivência, sala de professores, copa e banheiro. Por questões burocráticas, o presidente da Fiocruz não pode precisar em quanto tempo cumprirá a promessa, mas disse que esta é uma prioridade para a presidência.
Formatura dos Mestres e Doutores de 2010
Os 115 mestres e doutores formados em 2010 foram representados pelos discursos de seis alunos. Marcio Pavan, representante geral dos discentes, destacou que de dois anos para cá os estudantes tiveram uma atenção especial dentro do Instituto, podendo opinar e contribuir ainda mais nas ações de ensino da instituição. “Agora, formados, devemos levar o nome da Fiocruz adiante e representar bem o país”, disse.
Os representantes de cada um dos programas foram: Ana Carolina Guimarães (Biologia Celular e Molecular), Juan Camilo Sanchez (Biologia Parasitária), Eugênio Damasceno Hottz (Medicina Tropical), Leda Glicério (Ensino em Biociências e Saúde) e Monete Gomes (Biologia Computacional e Sistemas).
21/03/11
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